4/14/2007



Timorenses podem ter de repetir votações Armando RafaelLusa-António Cotrim (imagem)

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) timorense admitiu ontem a existência de "irregularidades muito graves" na contagem dos votos das presidenciais que se realizaram na segunda-feira e admitiu a hipótese de vir a recomendar a repetição parcial de algumas votações. Mas, ao que o DN apurou, dentro de Timor-Leste já há quem aposte na anulação da totalidade do escrutínio, transferindo a organização deste processo para a ONU, pondo em causa o trabalho efectuado pelas autoridades de Díli.À partida, tudo indica, contudo, que o cenário mais provável é o que passa pela repetição parcial de algumas votações, tendo em conta que a soma dos resultados dos oito candidatos à sucessão do Presidente Xanana Gusmão não bate certo com os votos contabilizados. "Díli é um desastre. Há problemas sérios em 59 das 113 secções de voto", reconheceu ontem à Lusa o porta-voz da CNE, padre Martinho Gusmão. O mesmo que há pouco mais de uma semana esteve envolvido numa enorme polémica por ter apelado, em plena campanha eleitoral, ao voto num dos candidatos, Fernando Lassama, líder do Partido Democrático, explicando as razões por que a Fretilin e o seu candidato, Francisco Guterres (Lu-Olo), exigem agora a sua substituição.Só que as irregularidades detectadas não se resumem a Díli, onde o primeiro-ministro José Ramos-Horta, alcançou a sua melhor votação. Além de Díli, foram também já detectados problemas nos distritos de Ailéu, Ainaro, Baucau e Bobonaro, razão pela qual cinco dos oito candidatos - Fernando Lassama, Lúcia Lobato, Francisco Xavier do Amaral, Manuel Tilman e Avelino Coelho - já pediram o "congelamento imediato da contagem". Caso contrário, recorrerão para o Tribunal de Recurso. O que deverá acontecer já na próxima semana, uma vez que a CNE não tem competência para suspender a contagem dos votos. Isso não impediu ontem Ramos-Horta de se juntar ao protesto, assinando a carta endereçada ao director daquele organismo. "Como primeiro-ministro, não posso pactuar com acções atribuídas a uma agência do Estado, responsável pelas eleições [Secretariado Técnico para os Assuntos Eleitorais] e que está a ser acusado como co-responsável na fraude", justificou.Seja como for, o facto é que as irregularidades detectadas poderão ser superiores às que foram denunciadas, tendo a televisão australiana ABC revelado ontem a descoberta de 95 urnas com votos por escrutinar, 59 das quais relativas a Díli. O que, em teoria, poderia pôr tudo em causa, incluindo os nomes dos dois candidatos que é suposto passarem à segunda volta, tendo em conta os dados provisórios do escrutínio: Lu-Olo e Ramos-Horta. Mas, como em Timor-Leste nem tudo o que parece é, o mais provável é que muitos destes problemas não passem de meras irregularidades. Como a eurodeputada do PS Ana Gomes explicou ao DN e como o líder da Fretilin, o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, também sustenta. A última palavra será sempre dada pelo Tribunal de Recurso. Mas só quando o escrutínio terminar e se, entretanto, houver alguma queixa.

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