INTERVISÃO - Vila Viçosa

E se de repente as economias começassem a descontrolar-se em relação aos mecanismos de controlo existentes…

Os mercados estão que fervem… poderiam começar uma análise economista de uma forma bem convincente, pensando que efectivamente a estrutura económica tem sofrido um abalo muito grande neste último mês, foi como se os principais agentes económicos tivessem tirado férias, se bem que como sabemos passaram um mês infernal.
Mas o que realmente tem estado a suceder, terá alguma coisa realmente a ver com o mercado imobiliário no EUA? É fácil procurar um culpado e apontar repentinamente sem se quer perceber o que se tem passado nos últimos meses em relação a factores que se tornam cada vez mais invisíveis mas correctamente utilitários para o equilíbrio económico.
As empresas tem tido resultado magníficos nos últimos dois anos, com ganhos consecutivos semestre atrás de semestre, tanto que existe tanto dinheiro nas caixas das empresas que as OPA´s se repetem como se de um jogo de futebol se tratasse, no entanto com diferenças importantes na essência pois no final poderá não haver uma equipe que realmente ganhe alguma coisa. No que se refere às economias, elas estão a níveis de crescimento muito levados e satisfatórios, basta analisar Angola, ou a China para entendermos que cada vez mais as economias que pareciam ser promessas ganham muito no mercado produtivo, mas será que todas podem ganhar o mesmo e da mesma forma. A China por exemplo apresenta um crescimento do PIB na ordem dos 11,5% e uma inflaao de cerca de 5,5% que continua a ser controlado com a obrigatoriedade colocada pelo banco Central Chinês no aumento das reservas por parte dos bancos comerciais, e reduzindo de forma automática a disponibilidade de capital disponível no mercado financeiro. Mas não podem todos ganhar ao mesmo tempo, quando analisamos a historia que ao longo dos anos nos tem demonstrado que uma história tem muitas probabilidades de se repetir, se tivermos em consideração os últimos 20 séculos, pomos em causa a estabilidade aparente dos últimos 15 anos.
Neste momento existem factores cada vez mais importantes e com uma maior influencia nos mercados financeiros, que tem ganho uma maior importância, no entanto existe algo que penso que não tem sido de veras considerado e que será necessário ser analisado. Trata-se da capacidade dos mercado europeus e americanos no consumo das produções em massa que a China tem colocado cada vez mais no mercado ou assim como outros países emergentes, o endividamento e o risco no credito hipotecário pode não ser considerado como consequência directa, mas se pensarmos no que o consumo, a redução da poupança nos EUA e da união Europeia e a não existência de reservas nos bancos comerciais europeus e dos estados unidos sendo por isso os bancos centrais os únicos que podem controlar o sistema financeiro tendo no entanto um conjunto de princípios económicos que deverão controlar e ter em consideração atendendo às consequências que os seus actos poderão ter nas economias. Tal situação provoca uma continua necessidade de recorrer ao Banco Central, principalmente quando os mercados invertem o seu sentido de subida e existe necessidade de disponibilizar capital para outros investimentos ou simplesmente para sua disponibilidade, provoca todo um desencadear de situações que tomam proporções como aquelas que temos visto ao longo do último mês.
Desta forma será previsível que se continue a contar com a instabilidade nos mercados financeiros, mas poderão estar a ser dados os primeiros sinais de inversão do sentido de subidas e ganhos nos mercados bolsistas.

Jorge Ferreira