Crise vs Renovação
Estamos perante uma situação única, a qual apesar do cenário
podemos orgulhar-nos de estarmos a viver um momento que os nossos filhos e
netos poderão analisar e estudar como única no mundo. Fomos nós que assistimos
á queda do muro de Berlim, que vimos o desaparecimento da URSS e que assistimos
agora ao paradoxo do equilíbrio geopolítico baseado na força das moedas e suas
economias. As estratégias das duas forças económicas entre atlântico estão
definidas. Do lado dos EUA, a estratégia é fomentar a economia, não se
preocupando para já com o défice ou desequilíbrios orçamentais, dando primazia
ao consumo privado. Do lado Europeu, procura-se resolver o problema orçamental,
com diminuições drásticas dos défices e equilíbrios orçamentais. Apesar de
opostas as duas são contraditórias na sua oposição, pois ao tratar da economia,
os EUA agrava um défice já por si devastador, colocando-se numa exposição ás
empresas de rating que só poderá não ter maiores consequências caso o acordo
secreto exista entre as duas partes para não agressão. Do lado Europeu, é
evidente que a economia não só não vai crescer como muito possivelmente irá
retrair-se de forma drástica, com a redução do investimento público e privado e
quedas acentuadas no consumo dos estados do euro e respectivo sector privado.
A Necessidade social passará factura no final das contas, ou
de um lado ou de outro as consequências serão evidentes, sendo notórias as da
Europa durante este e os próximos 2 anos e no EUA apenas visíveis depois de
2014, pois não temos que esquecer que a divida publica paga factura, e no caso
dos EUA a data de maior valor terá inicio a 2013 com prolongamento para os 2
anos seguintes, veremos se a economia América já estará a crescer mais de 3%
para poder atenuar a situação.
Em Portugal as medidas adoptadas permitem deslumbrar um
caminho muito difícil, com redução brusca no crescimento e mesmo com um período
de recessão significativo com consequências ainda desconhecidas.
Mas quais seriam as hipóteses que teríamos?
Nenhumas, pois o
caminho adoptado no governo de José Sócrates só nos levava a um aumento
significativo do endividamento sem resultados significativos. Os TGV´s, levariam a uma nova ruptura, pois não
podemos esquecer que chegamos até aqui por causa dos estádios de futebol, das
expos que fizemos sem medir as consequências, com buracos de execução brutais,
dos quais nunca recuperávamos o investimento feito. É verdade que o apoio social é fundamental,
que o acesso ao ensino deve ser universal e que a saúde é um bem de todos
associado a uma necessidade que nenhum que abdicar e muito bem. O que temos que
fazer é escolher os bens que consideramos serem indispensáveis á vida humana e
que por isso devem ter um carácter publico. São na minha opinião apenas a Saúde
e a Educação os únicos bens indispensáveis ao nosso bem estar social. Mas será
que o povo já percebeu que apenas uma escolha acertada poderá sustentabilidade
o sistema financeiro do estado para um futuro sustentável mas desejado a todos?
Todos temos que perceber as opções feitas, e caso algo seja criticável,
é quando o governo e o nosso poder local não entender que nesses dois pontos ninguém
pode tocar.
Só uma mão invisível pode equilibrar o desequilíbrio económico
criado pelo próprio mercado.
J. Ferreira
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