2/22/2006



Especialistas divergem sobre implementação da energia nuclear

A dependência do mundo em relação à energia e o aumento dos preços de matérias-primas, como o petróleo, estão a obrigar os países a encontrar outras formas de se produzir energia, entre as quais a nuclear. Contudo, os especialistas estão divididos sobre a necessidade de implementação desta energia.
"Sara Antunes"

A dependência do mundo em relação à energia e o aumento dos preços de matérias-primas, como o petróleo, estão a obrigar os países a encontrar outras formas de se produzir energia, entre as quais a nuclear. Contudo, os especialistas estão divididos sobre a necessidade de implementação desta energia.
Bruno Comby, ecologista e fundador da associação Ecologistas para a Energia Nuclear, defende que esta energia é a mais acertada considerando que se for «bem desenhada, bem construída e bem operada» é a mais «segura, limpa» e é «essencial para o nosso futuro», aconselhando mesmo Portugal a olhar para esta energia como uma solução, no âmbito da Conferência de Energia Nuclear.
Já Bernand Laponche, especialista em políticas de energia, afirmou que chegámos a uma fase em que é necessário tomar-se medidas para bem do ambiente, mas defendeu que a energia nuclear pode ser muito perigosa. O especialista recordou o episódio de Chernobil afirmando que «dizer que em Chernobil só se matou 30 a 40 pessoas é mentira», acrescentando que «se queremos defender o nuclear temos de arranjar soluções».
Um dos argumentos apontados para o sucesso da Energia Nuclear é cobertura parcial da procura de energia e a substituição de unidades antigas (que vêem a sua validade terminar). A segurança é também um dos argumentos, bem como o poder de se prever uma estabilidade de preços, estas ideias foram defendias por Veijo Ryhanen, responsável pelas relações internacionais da TVO, uma entidade finlandesa.
Finlândia a caminho da terceira central nuclear
A Finlândia, actualmente, já dispõe de duas unidades nucleares a funcionar desde 1978 e 1980, estando já a construir a terceira unidade que deverá começar a operar em 2009, num país em que do total de fornecimento de electricidade 26,3% é produzido através de energia nuclear e apenas 1,8% a partir de petróleo, segundo os dados de 2005 referidos por Veijo Ryhanen.
O responsável defendeu que estes passos permitem «reduzir a dependência das importações e aumentar a segurança do fornecimento».
Está a ser desenvolvido e implementado um novo reactor (EPR), que é protegido de possíveis ataques aéreos, disse Ruben Lazo, vice-presidente da Areva, empresa que desenvolve soluções de distribuição de energia, algo que foi questionado por Bernand Laponche, questionando a segurança efectiva deste reactor questionando ainda se este reactor «responderá às exigências futuras».
Uma das questões levantadas foi também a questão da rentabilidade da energia nuclear, ao que Paul Joskow, professor do MIT, respondeu haver ainda muitas incertezas, uma vez que não há historial para se poder responder a esta questão, sugerindo que apesar de a nível de investimentos de capitais não haver essa certeza, a nível de qualidade ambiental as certezas são maiores.
«A economia é apenas uma razão para a viabilidade dos investimentos em novas centrais nucleares», defendeu Paul Joskow.
Clemente Pedro Nunes, administrador do grupo CUF, considera que neste momento é preciso «reagir», adiantando que «o plano energético elaborado em 1982/1983 terminou em 2000, manifestamente, o seu ‘prazo de validade’», acrescentando que «não temos outra alternativa senão mudar de vida». «É necessário um novo paradigma energético», para que Portugal não choque com o «paradigma do esmagamento». E neste momento há «oportunidades de diversificação» tais como «a biomassa, a hidroeléctrica e essencialmente a nuclear».


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