Crise? Muita de realismo!
A crise tem afetado muitos portugueses nos últimos 5 anos,
com um crescimento significativo nos últimos 2 anos. Poderíamos associar várias
razões, e em quase todas as razões será realistas e verdadeiras, mas quanto
mais choramos menos fazemos apesar do chapéu não servir a todos serão muitos os
que se enquadram neste aspeto.
Apesar da crise a venda de telemóveis de última geração
DUPLICOU em 2012, sim as palavras são fáceis de dizer e acredito que tenha sido
obra para isso suceder num ano de crise e de tantos cortes, talvez tenha ido
aqui Vítor Gaspar inspirar-se para continuar a cortar em 2013.
Mas não ficaríamos por
aqui, se é verdade que no caso dos telemóveis qualquer anda com um destes
equipamentos de 200€, já não será o mesmo relativo a carros Top de Gama, onde
no mesmo ano houve um significativo aumento. Será claro e percetível a razão do
aumento de impostos gradual, isto é, quanto mais ganha mais impostos paga o que
mostra justiça social e mesmo com um significativo incremento não se deixa de
gastar mais de 35.000€ num carro.
Mas não teríamos razões
de sorrir, sem antes falar de férias, que apesar de não ter nada a ver com o
seguinte dado, poderá contribuir também para o aumento de viagens de aviões
para o dobro desde 2000, considerando apenas cidadãos portugueses. Aqui ainda
temos que referir que os destinos turísticos foram de longe os que mais
aumentaram, em resume, lá vão os bons anos de viagens de 5 e 6 horas caminho do
Algarve, levando a família toda farnel para 7 dias numa minúscula que era nas
despesas dividida pela família toda.
É verdade que muitos estão a passar por dificuldades e mesmo
que o numero de pessoas a viver abaixo do linear da pobreza tenha aumentado,
existem muitos deles pouco remediados, pois sem duvida que o OLX seria um
destino crucial para vender alguns equipamentos que muitos tem acima das suas
possibilidades, mas a verdade é que isso não sucede. Quando vejo desempregados a comer de apoios
sociais e ao mesmo tempo a serem detentores de equipamentos de telemóvel de
valor superior a 14 dias de trabalho para quem recebe o ordenado mínimo, talvez
algo esteja errado ao nível das prioridades…
Ainda assim e como referi, são muitos os que verdadeiramente
estão em dificuldades, por isso, amanhã mais uma vez vou voltar a contribuir
com comida para o Banco Alimentar, mas não deixando de referir que os centros
de emprego em vez de fazerem cursos para passar o tempo aos desempregados,
deveriam subsidiar a sua atividade em sectores que necessitam de tanta mão-de-obra
como a agricultura.
Feira Medieval em Vila Viçosa
No segundo ano deste evento em Vila Viçosa, desta com bom
tempo e todas as condições necessárias para o aproveitamento de um espaço único
e que foi ao longo dos anos um dos maiores tesouros deixados pelos nossos antepassados.
Este fim-de-semana apenas veio confirmar que Vila Viçosa
caso aproveite desta forma os espaços, o património, a história e a cultura
existente em cada um das pedras existentes na calçada, seremos capazes de reforçar
uma fonte de receita de todo necessária para o desenvolvimento económico,
cultural social de Vila Viçosa. Voltei a ver a maioria das associações locais a
poderem participar de forma muito contributiva, e mesmo a rentabilizar um
fim-de-semana que para algumas lhes reforçou a sua situação financeira, ao
ponto de sustentar muitas das suas atividades para o longo de 2013. Como um
amigo me comentou e muito bem, esta poderia ser uma forma de evitar que o município
tivesse que anualmente transferir para a associações locais montantes
financeiros que poderiam ter outro destino. Assim vi neste evento uma mostra
daquilo que o poder local é capaz de fazer, desde que aberto às ideias
exteriores das suas cores políticas e capaz de dialogar com todas as partes.
Não podemos nunca esquecer que o investimento de recuperação
que a Casa de Bragança tem feito em todo o património local, e inclusive
apoiado outras instituições a fazer recuperação do património que é hoje único e
insubstituível. Vi ainda sobre esta tão grande instituição uma abertura e dinâmica
que tão necessária é para o sucesso de uma Vila Viçosa histórica e de elevada riqueza.
Ao ver o ano preparado pela Casa de Bragança ao nível de eventos, vejo sem dúvida
aposta significativa que é feita em Vila Viçosa, e no seu saudável e sustentável
crescimento cultural, social mas também económico, atendendo ao contributo único
e significativo. É ainda aqui importante continuar a ter uma relação entre o
poder local e o representante maior desta instituição, e que poderia estar em
causa depois das eleições autárquicas, pois não se trata de um grupo de
fascistas numa instituição feita pelo ditador Salazar, mas uma muito nobre Casa
fundada por um homem que sempre pretendeu salvaguardar o património que a família
de Bragança outro hora deixou por estas terras. É por isso ainda aqui um fator
a ter em consideração para o futuro sustentável de Vila Viçosa.
Ó
Portugal terás saídas?
Já lá vão mais de 2 anos de governo, de uma verdadeira AD com a proteção
de um Presidente Social Democrático e uma maioria parlamentar. Também passou
algum tempo desde o início da crise financeira de 2008 nos EUA mas que muito
devido ao excessivo endividamento dos países do sul do EURO rapidamente se
alastrou á Europa. Hoje não posso deixar de reconhecer mérito ao trabalho de
Passos Coelho e das suas escolhas governamentais para gerir as pastas das
finanças, economia, saúde e mesmo educação, onde desde o princípio saberíamos
que ou por vias de cortes fundamentais ou derivado ao relevo e impacto no OE
teriam um árduo trabalho e influência. Mas também muito correu mal, onde o jogo
de interesses de alguns pilares do PSD ou mesmo as pragmáticas opções de intervenção
de Paulo Porta, trouxe em mais de uma vez dificuldades a um trabalho que só por
si seria e é difícil.
O PS deixou o país de rastos é verdade, principalmente pelas
opções politicas adotadas, mas também porque erradamente seguiram indicações de
contraciclo instruídas pela União Europeia em 2008, recordo que grande parte do
défice e divida pública surgiu nos últimos 2 anos de governo, e apesar de
responsabilidades partidárias a UE não soube de modo algum gerir este processo
na adoção de uma politica comum que permitisse uma estagnação pragmática do
arrastamento da crise iniciada ali bem ao lado nos EUA. Mas sabemos e teremos
que compreender que o PS é e será sempre uma das soluções do problema e não só sinônimo de erros e despesismo. Hoje não vejo realmente uma politica social
virada para os mais pobres, nem um ajustamento rápido entre regimes sociais que
beneficiam alguns em prol de outros, mas que sem qualquer dúvida seriam base sustentável
para uma redistribuição mais igualitária dos rendimentos e recursos disponíveis
na economia e que o PSD/CDS não tem tido capacidade de por em prática. A
solução terá sempre que passar pelo PS no acerto e atualização de diplomas e
matérias como a Constituição, planos sobre pilares de base do Orçamento de
Estado de períodos superiores a 1 ano, que permitiriam seguramente um maior
chamamento do investimento privado e estrangeiro que não só são sinônimo.
Portugal
continua a ser um partido de pouca inovação, mas principalmente de pouco entendimento
politico. Hoje sei que em 2015 o PS será sem qualquer dúvida governo, não só
pela insatisfação do povo, mas porque o PSD agora como sempre nunca soube
utilizar as suas mais valias intelectuais de forma honesta e fiel, sendo
sinónimo disso a inexistência de apoios ao ministro das finanças e economia,
que tem tido dentro do PPD-PSD um dos maiores críticos. Até Ferreira Leite,
mulher que avisara sobre esta situação, opta hoje por criticar apenas
ilustrando as opções erradas apesar de irem ao encontro dos pilares que
defendia. Não vejo ainda assim, em todos os anos de governos socialistas, uma
tão grande vontade do partido do poder em colocar no governo novamente os
adversários.
Os campeões também perdem.