4/21/2013


Portugal e os seus falidos Municípios.

Aqui está um problema que não vejo compreensão por parte de ninguém e onde está uma grande parte de responsabilidade da situação actual, seja pela imprudência ao nível dos gastos ou do pessoal. No inicio do mandata de Passos Coelho o governo anunciou a pretensão de reduzir os municípios derivado da necessidade de reduzir gastos com pessoal, na concentração de serviços próximos entre si em distancias pequenas como por exemplo num raio de 5km´s. Estranhamente, e mais uma vez, foram as bases do PSD e os seus presidentes de câmara desse mesmo partido que voltaram a inviabilizar uma das necessidades de reestruturação estrutural que Portugal necessita ao nível da organização do território.
Foram muitas as vozes inicialmente que baixinho apontaram o dedo ao governo, mas rapidamente em poucos dias e depois dos lambe botas partidários se aperceberam que os pesos pesados estariam interessados, sabemos deus porque!, da manutenção da situação organizativa de Portugal, carregaram a perseguição ao governo e a destruição com ameaças de uma que seria um pilar das reformas.   
Portugal perdeu uma das mais importantes oportunidades de reestruturar um dos pilares da democracia de forma a que o serviço à população não sofresse qualquer alteração, mas onde a redução dos custos do governo permitiria entre outras coisas o ajustamento para baixo dos impostos.
Vila Viçosa sem Município! E porque não? Apesar de não ser essa a opção e sim ao nível de outros municípios onde a população é menor a 5.000 habitantes. Mas teríamos que estar preparados para essa mesma aceitação de mudanças apenas para a salvação de Portugal.    


Austeridade de um gordo.




Quando olhamos para uma pessoa obesa, a primeira imagem que nos vem logo á cabeça, é a sua postura insaciável junto de uma mesa cheia de comida. Quando olhamos para a nossa actual situação econômica de Portugal e da Europa, pensamos logo no desperdício insaciável que os governos fizeram para chegarmos a um monstruoso numero de 200 mil milhões de euros de divida, e o gasto excessivo com despesas incontroláveis e apenas para beneficiar alguns protagonistas da economia.
Sem dúvida que não deveremos estar errados na nossa primeira análise á pessoa obesa, mas se a isso juntarmos a falta de exercício, as escolhas erradas ao nível alimentar teremos certamente mais 50% das causas desta obesidade mórbida. Com o estado sucede o mesmo, o que ao longo dos anos foi sendo feito foi uma má escolha dos dinheiros públicos, e uma falta de exercício dos mercados económicos e seus agentes. Esta situação chegou ao ponto da economia ter entrado numa espiral recessiva não pela austeridade imposta pelo governo mas sim pelo facto do estado ter deixado de se endividar para com obras públicas sem sustentabilidade criar crescimento nunca sustentável do PIB podendo assim comunicar no final de cada ano valores irrealistas e insustentáveis. 
Quando o obeso recorre ao médico, este dá-lhe várias hipóteses clinicas, mas que pelo risco antes de qualquer intervenção o obriga a alteração do seu estilo de vida, recorrendo a dietas efetuadas por um nutricionista, com exercício físico e num cuidadoso acompanhamento medico e de profissionais. Ao estado apenas lhe foram dadas duas hipóteses para sair do endividamento que todos os portugueses permitiram aos seus governantes. 
A primeira passa por uma ajuda monetária de liquidez financeira de modo a não necessitamos de financiamento dos mercados, procurando-se que nesse período o estado possa reajustar a sua estrutura orgânica de modo a poder reduzir os seus gastos a valores menores á sua despesa. Nesta opção o estado não só demonstra a sua capacidade de reajuste como ainda demonstra aos mercados que estará capaz de voltar á vida financeira dos mercados muito mais atlético, desportivo e com uma mente de vencedor. Aqui o estado tem que reduzir as despesas que são por todos os clientes habituais considerados como impensáveis, mudar a sua estrutura social e conseguir convencer a sua população de que não somos nem seremos um país sustentável se não for garantida a sustentabilidade das nossas despesas como nação.
A segunda opção, passa pela reestruturação da divida, o perdão da parte do endividamento que nos estrangula, nas minhas contas na ordem dos 100 mil milhões tal como aprovado e por nós assinado no tratado de Maastricht. Esta opção seria sem duvida a mais fácil, mas o caminho seria o da Grécia, em que o ajustamento teria que ser idêntico ou pior pelo simples facto de que os mercados não voltariam a emprestar a um país que tal como o recente passado diria que não é capaz de pagar os seus compromissos. Neste caso estarei certo que só depois de 50 anos poderíamos voltar a ser vistos de forma diferente e que sem qualquer dúvida o financiamento dos mercados seria muito pouco ou quase nenhum mesmo passados esses anos todos. Teríamos que sair inevitavelmente do euro o que provocaria um processo inflacionista e recessivo muito pior do que aquele pelo qual estamos a passar, com mais fome e muito maior decadência da nossa economia. 
Não tenho por isso dúvidas do caminho difícil que Passos Colho adoptou, mas sei que outro seria muito mais difícil e sem volta atrás.

Portugal possui um problema profundo estrutural da forma como o estado está formado e constituído  no entanto, essa mesma situação criou um problema de habituação do nosso povo, que passou a ver no estado mais  obrigações do que deveres do cidadão para com ela. Esta situação criou pensamentos, hábitos e posturas que levaram Portugal a esta situação, difícil de recuperar atendendo ao facto do paciente apesar de saber que a manutenção desta postura levará á morta, ele prefere acreditar na possibilidade de 1% de manutenção de tudo igual mesmo correndo os riscos, antes mesmo de ter de alterar tudo, aceitando as consequências que anos e anos trouxeram. Apesar disso, acredito que temos o homem certo no lugar e no tempo certo que nos permitirá sair desta profunda crise ideológica e social.


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